Existem pelo menos três formas muito frequentemente empregadas para se argumentar e/ou contra-argumentar:
1ª) buscar as causas a fim de sustentar um ponto de vista;
2ª) fazer concessões para que se possam marcar ressalvas ou tentar conciliar com o interlocutor, reconhecendo, desse modo, parte da verdade que este defende;
3ª) levantar hipóteses para se confirmar uma tese.
Imaginemos um tema – a possibilidade de legalização da maconha em nosso país.
Contexto:
Embora no Brasil, de acordo com o Código Penal, o consumo de drogas ilícitas, entre elas a maconha, seja considerado crime, percebemos um aumento de cannabis sativa e uma concomitante diminuição de condenações dos usuários. Em razão disso, a possível legalização dessa droga vem sendo questionada já que as evidências apontam haver maior tolerância por parte da sociedade e maior flexibilidade por parte do judiciário. A questão, longe de ser pacífica, é alvo de muita polêmica.
Como exercício de contra – argumentação, sugerimos que você observe os argumentos favoráveis e os desfavoráveis, descritos abaixo.
ARGUMENTOS FAVORÁVEIS À LEGALIZAÇÃO
·o usuário necessita de ajuda, e não de repressão;
· o usuário não é criminoso; portanto não deve ser afastado do convívio social;
· outras drogas são mais perigosas ao organismo, como no caso do álcool; este é, também, causador de inúmeros acidentes de trânsito ou casos de violência;
· trata-se de um caso de saúde pública cujo objetivo deve centrar-se na prevenção.
· trata-se de um caso de saúde pública cujo objetivo deve centrar-se na prevenção.
ARGUMENTOS DESFAVORÁVEIS À LEGALIZAÇÃO
- consequências maléficas ao organismo e ao psiquismo: perda da capacidade cognitiva; falta de motivação para realizar projetos de vida; comprometimento do bom fundamento de órgãos como pulmão; problemas de garganta;
- conseqüências no âmbito social: aumento do índice de criminalidade (não pelo uso, mas pelo tráfico); pode servir de “passagem” para o uso de drogas mais pesadas, tais como cocaína, heroína, entre outras; desestruturação familiar.
CONCLUSÃO (deve ser centrada na prevenção, tanto nos casos pró ou contra a legalização)
- reprimir apenas não basta: é necessário ajudar o dependente;
sugestões para a prevenção:
Ø aplicação de penas alternativas ( desde a obrigação a frequentar cursos antidrogas até a obrigatoriedade ao tratamento);
Ø nas escolas: programas de prevenção com especialistas tais como psicólogos, pedagogos; reformulação curricular (introdução do tema em diversas disciplinas do currículo);
Ø nos postos de saúde, hospitais, clínicas: programas, incluindo participação dos familiares dos dependentes, em palestras; atendimento de orientação a esses familiares e ao dependente, através de especialistas da área médica
Ø nas escolas: programas de prevenção com especialistas tais como psicólogos, pedagogos; reformulação curricular (introdução do tema em diversas disciplinas do currículo);
Ø nos postos de saúde, hospitais, clínicas: programas, incluindo participação dos familiares dos dependentes, em palestras; atendimento de orientação a esses familiares e ao dependente, através de especialistas da área médica
Se você for desfavorável à legalização da maconha, a relação A é causa de B poderia ser
assim esquematizada:
Pensemos que você opte por escrever contra – argumentando as idéias daqueles que são desfavoráveis à legalização da maconha, poderia refutar tal idéia seguindo o raciocínio (A não é causa de B)
Vejamos outra situação:
Se alguém for favorável à legalização da maconha, a relação A é causa de B poderia ser assim esquematizada:
A violência e a crise da segurança pública
De acordo com recentes pesquisas, entre elas a Datafolha, uma das maiores preocupações dos brasileiros é a violência. A situação tornou – se tão grave que os números referentes aos crimes lembram o cenário de uma guerra civil. Além do aumento da quantidade de delitos, a brutalidade destes causa perplexidade profunda à sociedade.
É muito comum julgar a pobreza como causa principal da violência. Porém, existem países ainda mais pobres que o Brasil nos quais os níveis de subversão permanecem baixos, como se constata na índia; outros onde o nível de desenvolvimento econômico é mais alto mas o índice de criminalidade também o é, fato existente, por exemplo, nos EUA. Isso indica que, no caso brasileiro, a violência brasileira não é ocasionada sobretudo pela pobreza, mas é fruto de duas características nacionais: a desigualdade social e a impunidade. A disparidade entre a condição social dos mais ricos e as dos mais pobres é tanta que muitos, por ambição ou falta de oportunidade, optam por o crime como forma de ascensão social. Soma – se a isso a certeza da impunidade, causada por uma polícia sucateada e corrupta e uma Justiça lenta e parcial.
Diante de tal situação, a população sente – se cada vez mais acuada. Com medo de torna – se vitima, e, sem poder contar com a polícia, o cidadão não–criminoso tranca–se em casa e abre mão do seu direito de ir e vir. A população, devido à ineficiência do Estado, busca meio para protege- se; aqueles que podem, contratam seguranças particulares – atualmente eles formam um continente maior que a própria policia – enquanto os demais constroem “prisões” para proteger seu patrimônio.
A situação, sem dúvida, é emergencial. Para revertê-la, torna- se necessário erradicar as principais causas do problema: punir os criminosos e amenizar as desigualdades sociais. A fim de reprimir a criminalidade, a policia deve sofrer um processo de reciclagem para poder agir duramente com os bandidos, e não punir os cidadãos não–criminosos. Também é preciso investir em educação, chave pela melhoria das condições sociais da população.
VAMOS ENTENDER MELHOR
Vamos levar em conta o texto “Big Brother Brasil” de Luís Fernando Veríssimo que vocês já conhecem.
Imaginemos, que alguém opte por escrever defendendo a tese de Fernando Veríssimo. Para isso, vamos estabelecer uma relação – A é a causa de B poderia ser assim esquematizada:
Mas, vamos imaginar que alguém queira refutar, ou seja, negar a tese de Veríssimo
Podemos imaginar a seguinte situação:
Podemos imaginar a seguinte situação:
& Mesmo que não se assista a esses programas e eles não sejam exibidos, a banalização dos valores morais continuaria
A ideia pode ser expressa da seguinte forma:
;1 1- Retomando a tese do “adversário”
Existe uma forte tendência / muitos acreditam que responsabilizar programas televisivos “apelativos”, por exemplo, Big Brother Brasil pela banalização dos valores morais, diminuiria atitudes que ferem a dignidade humana.
& 2-Refutação, através de concessão, levantamento de hipótese, causas, apontando para resultados contrários
Em verdade /no entanto / não obstante / Apesar disso, atitudes antissociais continuariam a existir mesmo que esses programas não fossem mais veiculados, pois a sociedade atual presencia a democratização das informações e luta, cada vez mais, pela liberdade de expressão.
Conclusão
Dessa forma / Desse modo/ Assim, a explicação segundo a qual a não veiculação desses programas diminuiria ou acabaria com a banalização dos valores morais não procede / não pode, pois, ser sustentada.
Um comentário:
Li seu material e o considero excelente. Parabéns pela publicação.
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